22 de abr. de 2013

Dentro da Casa


Novo filme de François Ozon é mais uma
obra interessante e surpreendente
Entre a ficção e a realidade
O sempre surpreendente François Ozon volta com um instigante thriller psicológico

por Fábio Pastorello


O novo filme de François Ozon, jovem realizador do cinema francês e responsável por obras como "Swimming Pool"(2003) e "Potiche: Esposa Troféu"(2010), é uma envolvente história sobre a arte. "Dentro da Casa" (Dans la Maison, 2012) conta a história de Germain, um professor de francês (Fabrice Luchini, também de "Potiche" do mesmo diretor) que fica intrigado com uma série de redações de um de seus alunos. Imerso num universo em que os estudantes mal conseguem articular duas ou três frases sobre o próprio fim de semana, ele se surpreende com o talento e a ironia do jovem Claude.

Claude começa a frequentar a casa de um colega de escola e a se interessar pela vida dessa família de classe média típica, como ele próprio define. Suas vivências com essa família são o assunto das redações que ele escreve e que passam a ser consumidas pelo professor Germain.

17 de abr. de 2013

Uma História de Amor e Fúria


Animação brasileira tem roteiro e animação de qualidade, mas se destaca mesmo pela importância de sua temática
"Viver sem conhecer o passado é viver no escuro"

por Fábio Pastorello

O filme "Uma História de Amor e Fúria", de Luís Bolognesi, infelizmente parece não ter encontrado seu público. O filme teve público pequeno até o momento, cerca de 19.000 espectadores. Só para citar o exemplo de um lançamento do cinema recente, o filme "A Busca", com Wagner Moura, já conseguiu 345 mil espectadores. Enfim, é certo que por ser uma animação, o público é menor, mas o filme merecia repercussão maior. É interessante notar ainda a rejeição que o filme provoca, não sei se pelo fato de ser uma animação, ou de ser brasileiro, ou se pelo tema indígena (que encontrou também certa rejeição no recente "Xingu", cuja bilheteria ficou aquém do esperado). Novamente, uma pena.

Em entrevista, Bolognesi (também roteirista de "Bicho de Sete Cabeças" e "As Melhores Coisas do Mundo") afirma que o roteiro surgiu da vontade de unir dois assuntos queridos ao diretor: história do Brasil e história em quadrinhos. O fato de ter sido uma animação, deu mais liberdade para o roteirista escolher suas histórias sem pensar nas limitações de produção, uma liberdade bastante interessante para o cinema brasileiro. A liberdade de produção permitiu ao diretor e roteirista uma realização com bastante calma e sem pressão, que começou com uma pesquisa com historiadores e antropólogos em 2002.

Na primeira parte da história, o filme começa contando a história dos índios e da colonização do Brasil

A história atravessa vários séculos da história do Brasil, para contar a luta dos homens contra a opressão, no filme chamada de Anhangá (Deus indígena, senhor dos mortos). Para tanto, o roteirista escolheu lutas emblemáticas para o país, como a luta dos índios contra os colonizadores, dos negros contra os poderosos, dos revolucionários contra a ditadura e até uma luta no futuro, de rebeldes contra o capitalismo desenfreado, que tornou até a água uma mercadoria.

Em todas as histórias, o filme nos leva a um interessante e relevante questionamento sobre os heróis de nossa história. Em tempos em que nem sempre se pode confiar nos heróis (e vilões) que a mídia ou as instituições nos apresentam, nada melhor do que um filme que apresenta uma visão crítica sobre essas conclusões. A visão mais interessante refere-se à figura histórica de Duque de Caxias, patrono do exército brasileiro, e que foi transformado em estátuas e logradouros por aí, mas no filme é o responsável pelo fim de um movimento popular, a Balaiada. O movimento é retratado na segunda parte do filme, e as figuras de herói (Duque de Caxias) e vilão (o Balaio, líder do movimento) são questionadas.

A revolução da Balaiada, ocorrida no Maranhão, também é retratada e nos leva a questionar
quem são os heróis e vilões da história do Brasil

Mas a trama mais interessante do filme é justamente no futuro do Brasil, quando o país é governado por um presidente evangélico, o Rio de Janeiro é controlado por milícias particulares e a cidade se verticalizou, sendo que na parte baixa a água está contaminada pelo lixo industrial. Nesse cenário, um grupo tenta organizar uma ação pela democratização do acesso à água, que nesse futuro é comercializada.

No futuro do Brasil, uma cidade controlada pelas milícias, um país governado por um pastor
evangélico e a água virou artigo de luxo

O filme conta com a dublagem de Selton Mello e Camila Pitanga nos papéis principais, que vivem uma história de amor que atravessa as diversas fases da animação. As vozes dos atores, muito conhecidas, desligam um pouco o espectador da história, fazendo ele se lembrar a todo momento que são as vozes de atores famosos, mas essa escolha (que provavelmente visa alcançar um público maior) não prejudica o filme em demasiado.

"Uma História de Amor e Fúria" é um filme que merece ser visto e conhecido, tanto pelo excelente roteiro, tanto pelo fato de ser uma animação (realização não muito comum para o cinema brasileiro), mas principalmente porque é uma história atual e impactante, que olha tanto para o passado como para um possível futuro do Brasil, não muito difícil de acreditar.

A excelente animação "Uma História de Amor e Fúria", não perca

Avaliação: * * * * 1/2



3 de abr. de 2013

Filmes de Março


Muito já foi dito, tanto pela equipe do filme como pela mídia, que o filme "A Busca" busca um estilo de filme intermediário na cinematografia nacional, nem as comédias escrachadas produzidas pela Globo Filmes nem os filmes cabeça que sempre foram a tônica do cinema nacional. A verdade é que a produção possui de fato roteiro palatável, bem escrito, mas sem concessões. O início, por exemplo, quando um pai e uma mãe divorciados são obrigados a lidar com o desaparecimento do filho adolescente, é pesadíssimo, e demonstra logo de cara o talento de Luciano Moura ("O Corpo") na direção. Road movie, a história parte para a busca de um pai pelo seu filho, por meandros do Brasil do interior. A busca não é somente física, mas também uma busca de conhecimento do outro. Além do roteiro e direção competentes, o elenco conta com um dos maiores astros do cinema nacional, Wagner Moura, em grande papel e interpretação. Segundo o ator em entrevista ao G1, "é bonita essa premissa do filme, porque o pai vai olhando para o menino e vendo quem ele é pela ausência dele”. O final ainda conta com bonita participação de Lima Duarte, mas é certo que apesar dos aspectos positivos, o filme fica mesmo no intermediário da cinematografia nacional.

Cotação: * * * *



Inspirado no romance de Leon Tolstói e dirigido pelo mesmo Joe Wright de "Desejo e Reparação", "Anna Karenina"  é um filme de excessos. O espectador goste ou não desses excessos (e certamente de início causa estranheza), principalmente nos movimentos de câmera e na direção de arte e figurinos suntuosos (figurino ganhador do Oscar), é certo que o filme tem uma ousadia na sua forma de realização, muito bem-vinda em dias que o cinema opta sempre por repetir as mesmas fórmulas. A película em sua maior parte é realizada dentro de um teatro, que simula as localidades (até mesmo as externas) de Moscou e São Petersburgo. Uma estação de trem, por exemplo, foi recriada no topo do teatro e a fluidez que o filme traz entre os cenários acontece debaixo do palco ou nas coxias. Ou seja, todo o espaço do teatro é usado para criar a Rússia de Anna Karenina. O fato de toda a ação se passar em um teatro também representa a encenação da sociedade russa da época retratada pela história, que acaba atingindo a vida da protagonista (Keira Knightley, também de "Desejo e Reparação", estranha mas talentosa como sempre), que vive um relacionamento extra-conjugal mas é condenada pela sociedade russa. E também não deixa de ser representativo que o filme saia do espaço teatral apenas quando o personagem Levin (Domhnall Gleeson) vai para o campo, adotando uma abordagem cara à literatura: a oposição campo e cidade. Apesar de toda a ousadia e inventividade dessa proposta de realização em um cenário (que lembra algumas obras de Frederico Fellini, como "E la Nave Va"), e da realização brilhante dos cenários, figurinos e fotografia, o roteiro deixa um pouco a desejar, carecendo de maior contundência e alguns momentos a história fica enfadonha. O filme ainda conta com um hipnótico Aaron Taylor-Johnson (Kick-Ass) e um envelhecido Jude Law (Closer).

Cotação: * * * *


A ação também se passa na Rússia, mas não poderia ser mais diferente de "Anna Karenina". Embora "Duro de Matar - Um Bom Dia para Morrer" tenha sido filmado em locações em Moscou, na Rússia, e até em Chernobyl, o filme é bem mais fantasioso do que a Rússia teatral de "Anna Karenina". Mas o que esperar da série Duro de Matar, não é? Quanto mais mentiras, melhor, e o novo filme de Bruce Willis abusa delas, em cenas que desafiam a verossimilhança. Bruce Willis continua muito bem como herói de filmes de ação, embora no início sua participação seja um pouco irritante e atrapalhada. Dessa vez acompanhado de Jai Courtney (da série Spartacus), que interpreta seu filho e garante os músculos e a juventude importantes a um filme de ação. Uma cena de perseguição, logo no início do filme, impressiona pela quantidade de carros destruídos, mas as sequências de destruição pela cidade de Moscou continuam. Enfim, desde que você embarque na proposta do filme, pode gostar das novas aventuras de John McClane.

Cotação: * * *




Demorei para assistir esse "João e Maria - Caçadores de Bruxas" e na verdade só fui conferir pois estava com ingresso promocional no dia que fui assistir. A nova onda do cinema norte-americano agora parecem ser os filmes baseados em conto de fadas, e esse é inspirado na história de João e Maria. Sinceramente, nem imaginava como esse conto pudesse virar uma adaptação cinematográfica interessante. E quando as expectactivas são menores, as impressões costumam ser melhores. E o filme me surpreendeu positivamente, atendendo minhas necessidades quando vou assistir a um filme desses. Gostei da ambientação da história, em uma dessas vilas pequenas e antigas que ficam no meio da floresta, coisa típica de conto de fadas e/ou histórias de terror. Os efeitos visuais e as cenas de ação também são bem realizadas e envolventes. O elenco também está ótimo, composto por Jeremy Renner ("Guerra ao Terror"),  Gemma Arterton ("Fúria de Titãs", que tem um misto de sensualidade e ar juvenil perfeitos para o papel) e Famke Janssen (a Jean Grey da série X-Men). Boa diversão.

Cotação: * * * 1/2





19 de mar. de 2013

Super Nada


Em "Super Nada", um ator desconhecido e um veterano lutam para superar o nada em São Paulo
Filme tem como maior mérito a interpretação do sempre excelente Marat Descartes

por Fábio Pastorello

Grande destaque do último festival de Gramado, no qual foi considerado por alguns críticos como melhor filme brasileiro do festival, "Super Nada" de Rubens Ewald ("O Corpo", 2007) e Rossana Foglia. O filme, assim como o também brasileiro "Riscado", conta as desventuras de um ator no Brasil. A dificuldade de conseguir reconhecimento, os trabalhos nem tão desejáveis aos quais os atores se submetem e as dificuldades financeiras são o pano de fundo desses dois trabalhos.

25 de fev. de 2013

Oscar 2013 - Os Vencedores


"Argo", o grande vencedor da noite do Oscar
Melhor montagem e melhor roteiro garantiram o melhor filme no Oscar
O filme "Argo", dirigido por Ben Affleck, ganhou os principais prêmios, mas ficou fora do prêmio de melhor direção

por Fábio Pastorello

Assistir a premiação do Oscar é sempre aquela lamentação, em função das escolhas dos membros da Academia, sempre polêmicas. Esse ano, por exemplo, as maiores devem ficar por conta da atriz francesa Emmanuelle Riva não ter levado Oscar pelo filme "Amor". Mas o importante é que a premiação nos leva a assistir e falar mais sobre cinema, o que já é muito legal. E, convenhamos, essa correria de ver todos os filmes do Oscar é muito gostosa e sempre rende ótimas películas para assistir.


23 de fev. de 2013

Os Miseráveis


Cartaz do filme "Os Miseráveis"
Realidade e invenção estão interligadas no musical "Os Miseráveis"
Filme ganhador do Globo de Ouro de melhor musical/comédia é um emocionante filme de excessos


O cinema é uma arte que tem a possibilidade de reunir todas as outras. Ali estão unidas a fotografia, a música, a literatura, o teatro, a dança, a pintura, a moda, a cenografia, a tecnologia como expressão artística (através dos efeitos visuais, que também são um pouco de mágica, taí o nosso querido George Meliès que não nos deixa mentir), etc. Quanto mais artes a obra cinematográfica consegue reunir e harmonizar, maior o encanto que ela provoca em mim. No caso, "menos é mais" não é o meu lema predileto. Para confirmar essa tese, basta dizer que o excessivo, mas genial, "Moulin Rouge - Amor em Vermelho" de Baz Luhrmann, é um dos meus filmes prediletos de todos os tempos.

Por isso, fica fácil de entender porque algumas pessoas gostam tanto, e outras não, do musical "Os Miseráveis", adaptação de um musical da Broadway e de um livro de Victor Hugo. Tudo depende de como o público prefere essa mistura de influências ou as obras mais minimalistas. O cinema de hoje em dia tem espaço para tudo isso, e depois de assistir filmes sem nenhuma trilha sonora (como era a proposta da turma do Dogma 95 de Lars Von Trier), talvez cause estranhamento ver agora um filme absolutamente todo cantado, como é o caso de "Os Miseráveis".


10 de fev. de 2013

Filmes do Oscar - Jan-Fev 2013


Um apanhado de alguns dos filmes indicados ao Oscar.


Em "As Aventuras de Pi", filme indicado para 11 Oscar, entre eles melhor filme, Ang Lee ("O Segredo de Brokeback Mountain") conta a história de um jovem náufrago que tem que lutar pela sobrevivência em um bote salva-vidas, acompanhado de um tigre. A história apela para a fantasia e para a simbologia, e é um exercício interessante (e raro no cinema de hoje em dia) tentar desvendar algumas das metáforas do filme. Algumas delas são reveladas no próprio final do filme, de modo um tanto didático e preguiçoso. Mas de resto, o filme é interessante e possui um ótimo desfecho, que certamente gera discussões. Pena que o resto do filme não é tão forte como o desfecho, e a produção possui vários pontos frágeis, em que a narrativa torna-se cansativa (o filme demora bastante tempo para começar, ou seja, para afinal chegar no naufrágio), e encontra força graças aos efeitos visuais,  fotografia e trilha sonora (todos indicados ao Oscar), bastante sofisticados.

Cotação: * * * *




Paul Thomas Anderson é o diretor responsável por filmes ótimos como "Boogie Nights" e "Magnólia", mas sinceramente achei o badalado "Sangue Negro" um filme bastante chato. Em "O Mestre", indicado para 3 Oscar, nota-se novamente um diretor excelente, mas em um roteiro que poderia ser muito melhor. O tema é interessantíssimo: como as pessoas precisam de líderes e gostam de se sentir incluídas em grupos. Aqui, a história gira em torno do perturbado Freddie (Joaquin Phoenix, em interpretação impressionante), que passa a seguir o escritor Lancaster Dodd (Phillip Seymour Hoffman, sempre ótimo), que possui estranhas crenças e rituais, envolvendo até viagem no tempo. Há uma polêmica em relação às semelhanças de Dodd ao líder da Cientologia, religião seguida por Tom Cruise e outros famosos nos EUA, inclusive dizem que Cruise intercedeu junto a Anderson (com quem trabalhou em "Magnólia") para que as semelhanças fossem reduzidas. O roteiro se perde algumas vezes, mas o filme segue forte graças à força de seu elenco, que conta também com Amy Adams ("Dúvida").

Cotação: * * * *


Indicado ao Oscar de melhor filme e melhor filme estrangeiro, e ganhador da Palma de Ouro em Cannes, entre outros prêmios, "Amor" é um filme triste e contundente. A produção dirigida por Michael Haneke, também indicado ao Oscar, conta a história da decadência física e psicológica de uma mulher, até encontrar a morte. A morte da protagonista, interpretada por Emmanuelle Riva (indicada ao Oscar, do clássico "Hiroshima, Mon Amour"), não é um spoiler, já que acontece logo no início do filme, quando seu corpo é encontrado apodrecido no interior de seu apartamento. Embora pareça um filme isento, através da ausência de trilha sonora, ou da câmera quase sempre fixa, ou dos planos demorados em cenas corriqueiras, "Amor" não nega sua verdadeira intenção: a de nos fazer sentir miseráveis. E de fato, através principalmente de seu roteiro, consegue. De qualquer forma, é impossível não se emocionar, e o amor dos protagonistas, quase incondicional, funciona como um alívio para o pesado drama.

Cotação: * * * 1/2



O melhor ao assistir "O Lado Bom da Vida", de David O. Russell ("O Vencedor"), é não criar expectativas, por causa de suas indicações ao Oscar. Trata-se de uma comédia romântica com ótimos personagens, elenco excelente e um roteiro inteligente, mas ainda assim é uma comédia romântica. Lógico, muita gente ainda acha a comédia um gênero menor do que o drama, por isso estranham quando um filme que diverte possa ser indicado para algum prêmio. O próprio Oscar pensa assim, por isso foi legal o filme ter sido indicado para todos os prêmios principais, desde melhor filme, até roteiro e todo o elenco principal. Bradley Cooper está excelente como o protagonista bipolar, e Jennifer Lawrence, favorita ao Oscar, tem um ótimo personagem e não desperdiça. A história é sobre um rapaz (Cooper) que acaba de sair uma clínica psiquiátrica, após se tratar de um trauma com a traição da esposa. Em sua recuperação, ele conhece uma garota também louquinha (Jennifer) e os dois entram num concurso de dança. O final é bem previsível, mas a boa composição de personagens e as interpretações garantem uma comédia romântica acima da média.

Cotação: * * * *


Indicado ao Oscar de melhor ator, Denzel Washington é a melhor razão para assistir "O Vôo", de Robert Zemeckis ("Náufrago" e "De Volta para o Futuro", para citar dois filmes do diretor em duas fases completamente diferentes). Além da interpretação de Denzel, que compõe um complexo personagem envolvido com alcoolismo, o filme também conta com uma impressionante e angustiante cena de avião (aliás, como Zemeckis já fizera bem em "Náufrago"). No mais, o filme caminha em passos lentos e não muito animadores, mas até que consegue passar bem o drama do alcoolismo de seu personagem. Confesso, porém, que minha análise do filme ficou bastante prejudicada pela sala onde eu vi o filme, no Shopping Higienópolis: o som estava péssimo e o público ora tossia, ora espirrava, ora caminhava pela sala, ora conversava e, finalmente mas não felizmente, ora roncava. Impossível se concentrar no filme com tantos ruídos.

Cotação: * * *




4 de fev. de 2013

Django Livre


Depois de explodir os nazistas, Tarantino parte agora em vingança a favor dos negros
Novo filme de Quentin Tarantino é quase um desabafo contra os atos de racismo nos Estados Unidos
por Fábio Pastorello

Quentin Tarantino mudou a história do cinema com "Pulp Fiction", em 1994. Nesse filme, ele fortaleceu (não vamos dizer criou, porque não eram de fato inovações) diversos tipos de narrativa no cinema, como as histórias com múltiplos plots (ou seja, a trama se divide em diversos personagens, também famosas nos filmes de Robert Altman), roteiros fora de ordem cronológica ou os longos diálogos que normalmente seriam encurtados pelos professores de roteiro. Depois de "Pulp Fiction", os filmes de Tarantino praticamente criaram um gênero no cinema. Felizmente, ele conseguiu se reinventar e manter a qualidade nos filmes posteriores, como em "Jackie Brown", na série "Kill Bill" ou no último "Bastardos Inglórios". Propondo um misto de inovação com homenagem a filmes antigos, Tarantino segue sua trajetória com "Django Livre" (Django Unchained, 2012).